"Como um filtro, um filtro seletivo, vão ficando apenas as coisas e as pessoas que realmente contam."

domingo, 30 de janeiro de 2011

Depressionárias férias

Não compreendo o porquê, como e quando esta intensa onda vem até mim à procura de abrigo. Minto!
Sei o porque, como e quando. Sei que neste momento da sua partida, rompe-me um desespero, pois você leva a minha regalia, os meus deleitos, a minha preguiça, o meu tardar, o meu lazer, a minha praia, o meu dia inteiro de sono, a vida vagal, a irresponsabilidade, o descanso, a galera, meus momentos de altas horas na net, minhas leituras prediletas, meus filmes, minhas pinturas de sete, minhas viagens, minhas loucurasss...
Não posso me esquecer de que no caminhar para o sucesso não há tanta simplicidade e ou facilidade, apesar de crer nas idéias de que o universo conspira naquilo cujo desejo muito que se relize, ou  "o que é pra ser será". blá blá blá
Sem mais lamentos...Tenho que admitir:

eu te amo, Férias!

Monique Guerra
30 de janeiro de 2011.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Traduzir-se


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

Ferreira Gullar